06 fev Entendendo o Coração
FONTE: Artigo publicado no site Revista Saúde Quântica, do Grupo Fisioquântic, em 26 de Maio de 2016. Autor: Dra. Lara Regina Ferreira Alves | http://www.revistasaudequantica.com.br/Artigos/Cardiologia/56-Entendendo-o-coracao/
– Dra. Lara Regina Ferreira Alves –
Vamos falar da saúde do coração e da importância de pensarmos holisticamente. Manter nosso corpo nutrido com alimentos e emoções saudáveis. Mas primeiramente, vamos fazer um passeio no ciclo cardíaco. Pensando nisso, pergunto: você conhece o seu coração?
O ciclo cardíaco é uma das maravilhas da natureza. A sincronia deste fenômeno é impressionante e apaixonante. Vários eventos acontecem e, para entendê-lo, vou te convidar para entrarmos nos mecanismos envolvidos neste processo.
Tudo começa com um impulso elétrico gerado em células especializadas numa região do átrio direito chamada de nó sino atrial. Estas células possuem uma capacidade de automatismo, isto é, geram automaticamente e repetidamente um impulso. Isso desde a oitava semana de vida intrauterina! Especula-se que o ritmo do coração materno, gera o estímulo eletromagnético que inicia o “pulsar” das células do coração do bebê recém-organizado. Desde os primórdios de nossas vidas temos essas células especializadas pulsando incessantemente.
Essa ritmicidade das células do nó sino atrial ocorre devido à troca de cargas elétricas e de partículas através da membrana celular, o que gera um potencial elétrico que percorre todo o músculo cardíaco. Íons de sódio, potássio, cálcio e magnésio fluem para dentro e fora da célula criando um movimento de cargas que induz a abertura e o fechamento de canais, que de forma sincronizada, culminam na transmutação dessa energia elétrica em energia mecânica com a contração ritmada e organizada das células musculares. A concentração plasmática destes elementos químicos pode influenciar na harmonia dos batimentos cardíacos.
A contração das fibras musculares do coração é então controlada por uma descarga elétrica que surge na região do nó sino atrial e flui através de vias elétricas do sistema de condução. A frequência da descarga elétrica é também influenciada pelos impulsos nervosos e pelos níveis hormonais que circulam na corrente sanguínea. O sistema nervoso autônomo (SNA) regula a frequência cardíaca através de seus dois componentes: o sistema nervoso simpático (SNS) e o parassimpático (SNPS). O SNS aumenta a frequência cardíaca, pela liberação de adrenalina, através de vários nervos. O SNPS supre o coração através de um único nervo, o nervo vago, que libera acetilcolina e diminui os batimentos cardíacos. Com isto em mente, podemos entender porque uma emoção como o medo afeta o coração, pois através dos nervos do sistema nervoso simpático ocorre a liberação de adrenalina e elevação dos batimentos cardíacos.
O hormônio tireoidiano também influencia a frequência cardíaca. Quando há excesso deste hormônio, a frequência cardíaca torna-se muito elevada, no entanto quando há deficiência do mesmo, o coração passa a bater muito lentamente.
Nos dias atuais precisamos pensar de maneira mais abrangente. É muito importante deixarmos de ver o coração apenas como uma bomba responsável pela circulação de sangue através de todo sistema circulatório, gerando pressão e levando oxigênio e nutrientes aos tecidos. Entendermos o coração como um órgão inserido num organismo, e que reage às mudanças do meio, que recebe influência de todos os órgãos e que além de sangue leva e traz informações a todas as células.
Esta é a missão da nova cardiologia, a cardioenergética, que vem nos últimos anos desvendando os mistérios por trás do funcionamento deste órgão tão importante na nossa fisiologia. Nosso coração vem sendo massacrado por este atual e moderno “estilo de vida”. Somos educados para sermos sempre os melhores e este estilo agressivo e competitivo agride o funcionamento harmônico do coração.
Não é por acaso que na atualidade as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Precisamos entender como o coração funciona, para que, ao harmonizar o corpo como um todo – emoções, glândulas endócrinas, elementos químicos do sangue – possamos dar condições para o seu funcionamento em plenitude.